A visibilidade era quase nula, mas quando Pedro Pacheco limpou a neve do visor do altímetro, este marcava 8300 metros. Era a maior altitude alcançada por um português no monte Everest. Estava a apenas 550 metros do topo do mundo, mas quando a tempestade se intensificou, foi confrontado como o eterno dilema da alta montanha. Prosseguir ou abortar. Avaliou e resolveu seguir o conselho da sua intuição que, calejada pela experiência, lhe garantiu imunidade à “febre do cume”, que já encaminhou tantos alpinistas para a morte.
A história tende a apenas emoldurar os primeiros a alcançar o topo – e ele foi alcançado cinco anos depois por um português (João Garcia) – mas por trás da moldura estão aqueles que ousaram avançar primeiro e trilhar. Pedro Pacheco é um deles e contou-me a sua história numa reportagem publicada em 2007 intitulada “O Trilhar da Audácia”. Não ficámos pela conversa. Levou-me também a atravessar desfiladeiros, explorar grutas subaquáticas e a descer cascatas em rapel, numa atividade que ele introduziu em Portugal, o Canyoning. Também essa aventura se transformou em reportagem: “Caminhando Sobre as Águas”.
Duas reportagens que hoje recordo, na expectativa que a brisa de aventura que ainda carregam vos despenteie sensorialmente.