UMA NOITE COM DRAVE SÓ PARA MIM «III – Esplêndida Insónia»
A noite debruça-se sobre Drave. A caminhada, o calor, as histórias e os encontros e desencontros ao longo do caminho, tudo isso culmina aqui. Numa janela que me é estranha e numa paisagem que se torna cada vez mais familiar. Daqui a pouco vai ser escuro, o silêncio vai invadir este vale e eu vou ter esta aldeia deserta e mágica só para mim.
UMA NOITE COM DRAVE SÓ PARA MIM «II – A Pastora Anfitriã»
Quando cheguei, Drave tinha duas surpresas para mim. Uma companhia inesperada e surpreendente durante o entardecer. E um desfecho diferente para o meu plano noturno. Ia ter na mesma a aldeia só para mim, mas a noite seria um pouco distinta da que tinha imaginado. Encantamentos da espontaneidade na aldeia mágica.
UMA NOITE COM DRAVE SÓ PARA MIM «I – A Caminhada»
Decidi fazer o trilho que atravessa as montanhas e passar uma noite com Drave só para mim. Só eu, o silêncio e esta aldeia que chamam de mágica. Enchi uma mochila com mantimentos, uma tenda e um saco-cama e parti. A espontaneidade do plano presenteou-me com imprevistos. Daqueles bons, que nos enriquecem as jornadas. Conversei sobre as histórias, as tradições e o passado secular da aldeia. Depois veio o caminho, as paisagens de cortar a respiração, os encontros inesperados, as lendas arrepiantes, os desfechos surpreendentes.
A GARIMPAR IMAGINAÇÃO NAS RUÍNAS DAS MINAS DE VOLFRÂMIO
Hoje estão em ruínas, mas durante a II Guerra Mundial, estas minas de volfrâmio fervilhavam de atividade. Este minério abastecia o armamento do exército aliado e era tão valioso que deixava os homens loucos, a arder de “febre do volfrâmio”. Passei uma manhã a explorá-las e a imaginar os seus tempos áureos. Aventurei-me em covas profundas, vi maquinaria antiga, entrei em edifícios esventrados. É apenas o primeiro passo de um plano bem mais audaz.
CARTA A UM FILHO POR NASCER
A carta foi escrita na minha cabeça há um ano. Nas quatro horas passadas na sala de espera da maternidade e nas sete na sala de partos. A escrita era ansiosa e entusiasmada, viajava por todo o lado. Quando estava quase na hora da tua chegada ao mundo, corri cá fora e entreguei-a a um carteiro mágico, que usa barba lilás e tem uma scooter voadora. A carta estava selada num envelope, com a instrução: “Só entregar daqui a um ano”. Bateram à porta há instantes. Era ele, deixou-a cá para ti. Feliz aniversário filho!
ESCUDOS IDEOLÓGICOS
No final da década de 50, um colunista de um diário americano aconselha-se com o seu advogado. Denunciou um crime e viu a sua denúncia ser distorcida de uma forma surpreendente. A estratégia por trás dessa distorção é tão inacreditável quanto intemporal.
SEPÚLVEDA: A HISTÓRIA QUE EU NÃO QUERIA PUBLICAR HOJE
Tinha guardado algumas histórias e memórias com Luis Sepúlveda e estava a planear publicá-las quando o escritor melhorasse da sua doença e regressasse a casa. As coisas bonitas devem contar-se em vida. Mas, como acontece tantas vezes, a realidade conspira com o destino e desmancha-nos os planos.
MINGHELLA: O ÚLTIMO GUIÃO
No primeiro aniversário da morte do cineasta Anthony Minghella, escrevi um texto biográfico para o C7nema. Foi há 11 Marços atrás. Fechei-me numa sala com uma garrafa de vinho italiano e entreguei-me à tarefa. Hoje relembro-o, não só para assinalar a data, mas como um incentivo para descobrir ou redescobrir os filmes deste grande realizador com alma de escritor.
O VÍRUS DA INCONSCIÊNCIA
Um médico desabafa com o seu paciente na sala de cuidados intensivos de um hospital, em plena pandemia do coronavírus covid-19.
PAULICEA: A MANSÃO ASSOMBRADA DA MINHA INFÂNCIA
Durante décadas esta casa abandonada intrigou o imaginário popular de Águeda. Muitos diziam estar assombrada. Já outros, juravam que escondia passagens subterrâneas para tesouros antigos. A mim, despertava-me um fascínio intenso desde criança.
A casa já não existe, mas enquanto existiu, estive lá dentro, explorei todos os seus recantos e até conversei com quem já lá viveu. Medo, deslumbramento, memórias, curiosidade, assombro, superstições. Estas são as histórias da Mansão da Paulicea.
UMA AVENTURA NA CASA ASSOMBRADA (prelúdio)
Foi a primeira casa com fama de assombrada onde tive coragem de entrar. E foi também o primeiro grande susto da minha vida. Tinha 12 anos. Trinta Invernos depois, chegou a altura de contar a história.
MORTE E VERDADE A PRETO E BRANCO
Foi o primeiro fotojornalista a mostrar ao mundo a guerra entre a Croácia e a Sérvia. Caminhou por entre campos de minas, cadáveres e destroços de nações à deriva. Quis imortalizar as atrocidades da guerra. Para que ninguém lhe fosse indiferente.
O MANTO QUE NÃO SE RASGA
Já tinha ouvido falar da sala vermelha. Por vezes ouvem-se gritos que rasgam a noite e ecoam nas paredes e nas grades desta velha prisão. Dizem que eles vêm sempre lá de dentro. Habituámo-nos a conviver com esse fantasma de tijolos e azulejos, esse antro mórbido que nos aterroriza mas, ao mesmo tempo, nos ajuda a relativizar tudo o que passamos cá dentro.
JOÃO SILVA: CONFISSÕES DE UM MEMBRO DO BANG-BANG CLUB
Um grupo de quatro fotojornalistas cobriu os violentos conflitos no pós-appartheid da África-do-Sul. Destacavam-se dos outros pois acompanhavam a violência lado a lado. Kevin Carter, Greg Marinovich, Ken Oosterbroek e João Silva. Foram apelidados de “Bang Bang Club” e as suas façanhas inspiraram livros, documentários e até um filme de Hollywood. Um deles é português e a paixão pela profissão quase lhe custou a vida. Estive com ele e ouvi as suas histórias.